Pão de Ervas da Andréa Espínola

Pão de Ervas

Dia desses, ao fazer uma escavação arqueológica em minha bolsa, deparei-me com um pedaço de papel coalhado de garatujas em caneta cor-de-rosa. O título dizia “Pão de Ervas – Andréa Espínola – Rainhas”.

Lembrei-me que, meses atrás, numa de minhas diversas visitas diárias ao Rainhas do Lar, havia anotado a lista de ingredientes muito às pressas e o modo de fazer assim pela metade, pois queria muito fazer a receita.

Não sei por que raios não imprimi ou copiei pro computador, mas lembro-me muito bem da decepção que me assolou quando constatei que meus tabletinhos de fermento já tinham cruzado Cabo da Boa Esperança. Não pude fazer o pão e o papel anotado ficou lá, no buraco-negro de minha bolsa, à espera de um milagre.

Pois sua hora chegou! E deste dia não passaria, pois tinha comprado fermento fresquíssimo e até uma farinha especial para pães. Lembrei-me de que a receita era grande, então resolvi fazer somente metade. A original você pode ver aqui. E aqui está o relato da Rainha Faby.

Preciso lembrar de evitar fazer meias receitas… não pela matemática, com a qual nunca tive problemas, mas pelo meu já conhecido avoamento. Tudo porque, após deitar os ovos, as ervas, óleo, sal e açúcar no copo do liquidificador, um telefonema-convite para “comer um japinha” com a amiga querida me fez interromper temporariamente a feitura do pão.

Na volta, com a barriga quentinha, o coração contente e a vontade de terminar a receita, recomecei a lida de onde havia parado. Peguei o líquido de dentro da geladeira, pus no copo do liquidificador, juntei o fermento esfarelado, a água morna, bati tudo e incorporei na farinha peneirada.

A mistura ficou muito mole e suspeitei de que algo havia dado errado na proporção. Mas é claro! “Olvidei-me de cortar pela metade a quantidade de água!”, exclamei em voz alta, arriscando ser advertida por violar a lei do silêncio.

O que seguiu, amiga leitora e amigo leitor, foi uma sucessão de eventos acelerados e desconexos. Esfarelei o resto do fermento, juntei a outra metade dos ovos e até hoje não me lembro se completei a proporção de farinha. Só sei que não completei a outra metade do óleo, coisa que me lembrei quando o pão já estava no forno e era tarde demais.

Levei a massa (que é linda, por sinal) a crescer. E ela cresceu. E cresceu. E antes que a danada se alastrasse por toda a cozinha, acudi prontamente com uma outra forma menor, deitando nela um terço da massa.

Levei os pães ao forno, mas não há meio de precisar quanto tempo ficaram lá, pois meus olhinhos já estavam pesados de sono. Só sei que em determinado momento desliguei o fogo, fui dormir e minutos depois acordei assustada só para levantar da cama e constatar que sim, eu tinha mesmo desligado o forno.

Fui conferir o resultado somente no dia seguinte, no café-da-manhã. Talvez não precisasse ter separado as formas, talvez devesse ter seguido a receita à risca, ou pelo menos anotado direito qual a “metade” que eu havia feito. O pãozinho ficou mais magro e baixinho, mas no fim, deu tudo certo. O sabor e a textura ficaram um esplendor.

Acho que tive mais sorte do que juízo 😀



16 comentários em “Pão de Ervas da Andréa Espínola

  1. Daniela

    DAdi, eu amo seus relatos! Esse pão tá na minha lista há séculos, só que eu não faço porque meu marido compra tanto pão lá em casa que não dá nem tempo de acabar.
    Beijos

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  2. Karla

    Delícia ler os seus relatos, Dadi.
    Comigo foi pior, marido viajando, pra fazer bonito no retorno fiz um bolo com queijo e goiabada, corre pro banheiro arruma o Bernardo, tomo um banho rápidex, o Bê faz cocô, lava novamente, corro atrasada pra uma reunião, volto 3 horas depois e o fumaçê tá no mundo inteiro, esqueci do bolo que virou um torrãozinho e aí vc imagina o que aconteceu.
    Beijo

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  3. Vitor Hugo

    Hahahahah! Começo a ficar na dúvida se o tema central do blog é mesmo gastronomia/culinária, tá um “q” de humor, hahahah.

    Acordar do meio da noite… como eu ri disso! Fica praticamente no mesmo patamar que o meu “transtorno” de verificar umas 3 vezes se fechei a porta de casa, hueheuehuehe.

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  4. valentina

    Dadi, Dadi, faço minhas as palavras da Patrícia.Teus textos competem com as receitas,Dureza. Que lindo este pão.Só de olhar já dar para se sentir que a massa é fofa. Sei bem como é esta coisa de dividir a receita e depois esquecer e acrescentar certos ingredientes para a receita feita na íntegre.hum,hum..não que tenha me acontecido é claro.

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  5. Márcia

    kkkkkkkkkkk
    Estou em cólicas de rir até agora!!!
    Vc é impagável, dona rainha das dadivosices…
    Mas esse pão… hummmm, ele tá na lista desde q apareceu no Rainhas.
    Um dia ele surgirá aqui em casa, tenho fé!
    Bjos.

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  6. Aline

    Dadivosa, esse teu blog tá um espetáculo. Confesso que fazia tempo que eu não visitava, mas foi até bom. Assim pude me deliciar com uma fartura de lindos e saborosos textos. A inspiração que anda faltando pra mim, pra ti anda sobrando. Parabéns pelo talento!

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  7. Lunalestrie

    Dadi, já fiz esse pão uma vez mas o meu drama começou por ter substituído o fermento fresco pelo seco. O negócio ficou lá horas e nada de crescer, parecia uma sopa de ervas e o pior é que fui usar coentro e ele tomou o cheiro das outras ervas, virou pão de coentro! Tudo bem, eu assei a criatura e ele ficou UM TANTO estranho: um amigo meu foi comer e comentou: “ah, legal, esse pão já vem com patê”. Mas o pior (melhor) é que eu gostei e futuramente irei fazê-lo sem substituições. 😀

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  8. Dadivosa

    Só agora vi os comentários queridos de vocês. Vou responder por aqui mesmo:

    Patrícia, na verdade, eu faço fuzuê em onze de cada dez cozinhados. É que às vezes a bagunça é tão grande que dá até uma preguiça de contar!

    Dani, o meu pai é assim também! Hahahaha Ele passa na frente de uma padaria e zupt, entra e compra pão. Está de bobeira em casa no finde, pega o carro e zupt, entra em outra padoca e compra pão. Na praia, então, é impressionante! Acho que ele compra pão umas três vezes por dia! 😀

    Larissa, é deliciosa mesmo. E dá para variar os verdinhos, né?

    Karla, que perigo!!!!!

    leila, me diga como ficaram, ok?

    Vitor Hugo, meu caro leitor prendado, tem de um tudo! 🙂

    Valentina, imagiiina, fiiilha! Ontem fiz meia receita de um outro prato e, pior, fui mudando tudo. Depois lembrei que tinha esquecido um item importante. Mas o trem já estava no forno, fazer o que? No fim ficou bem bom! hahahaa

    Márcia, você não vai se arrepender! Faça mesmo, que é facílimo (não precisa sovar) e saboroso.

    Elvira, é mesmo bem perfumado, dá até uma “levantada” na casa 🙂

    Aline querida, que bom que apareceu. Fique tranquila que daqui a pouco seus pensamentos voltam a querer ser públicos. Eu, pelo menos, estou torcendo para que seja logo 🙂

    Luna, mas você não sabia que o coentro é uma erva do mal? Ele rouba o sabor de tudo e de todos ao seu redor, aquele fominha. Tenho muito medo dele! Na minha escala de ladrões de sabor, ele está em primeiro lugar, seguido do alecrim, que também é fogo! Com a diferença de que detesto o primeiro e gosto muito do segundo. Mas uso com parcimônia, pois alecrim é um negócio megalomaníaco e tende a se sobrepor 🙂

    ;***

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  9. Akemi

    Alguns dias sem aparecer e encontro todas estas receitas deliciosas mais as suas aventuras que me fazem rolar de rir, sempre uma delícia vir te visitar!

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  10. Leilah

    Dadi, vc escreve de uma maneira divina, q nos faz esquecer das picuinhas do dia-a-dia! Morri de rir com sua narração, mas pela foto posso constatar q o pãozinho ficou uma dilíça mesmo!! Bjos querida! =)

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