“Oh, j’ai cassé un oeuf!” foi uma das primeiras frases que aprendi em francês, junto com a Marselhesa e “J’ai cassé le DO de ma clarinete / J’ai cassé le DO de ma clarinete/ Ah, si papa il save ça/ tralala…”
A frase do ovo quebrado, se a vista não me pisca, estava lá para ensinar os números, eram slides (coisa mais antiga) de uma visita à feira livre. Tinha também as pommes-de-terre, que na minha cabeça não eram batatas, e sim maçãs desesperadas, presas n’algum túnel junto com as minhocas. Não me recordo de como acabava a história do ovo quebrado, se o feirante ficaria bravo e cobraria pelo estrago, ou se abriria um sorriso e deixaria pra lá.
Mas lembro até hoje das primeiras frases da Leçon Six do livrinho Allons Enfants:
Voilà Jean-Louis, il dors.
Voilà Marie-Claude, elle dors aussi.
Maman entre dans la chambre.
Tinha sete anos e não sei até hoje o motivo da saída da professora Carmem Lúcia, só sei que a substituta começou tudo de novo, falando de pommes-de-terre, cantando le jour de gloire est arrivé… até chegar na lição do Jean-Louis e da Marie-Claude outra vez, já era dezembro. Também não lembro mais por quantos anos tive francês na escola, só sei que a partir de determinada série, pas de Jean-Louis, pas de Marie-Claude.
A musiquinha da clarinete, a historinha dos irmãos JL e MC e até mesmo o alonzanfandelapatri parece que grudaram na minha cabeça pra sempre e resolveram sair sair pela boca enquanto eu preparava esse purê. Vai ver é porque fiquei pensando na versatilidade das maçãs que, tal como suas amigas batatas, topam (quase) qualquer parada.
A receita, facílima e deliciosa, vi no Goles & Nacos, site da brasileira Joana que está na Espanha. Fiquei tentada a encarar as costeletas, mas só as encontrei aos quilos, açougues estavam fechados, e com minha geladeira de brinquedo não dá pra bobear. Improvisei umas bistequinhas, só pra acompanhar. Conto agora como fiz:
Ingredientes (uma porção modesta):
- 1 maçã Golden (serve qualquer uma grande e verde, mais para ácida)
- gotinhas de limão siciliano, só para a maçã não pretejar
- 1 colher de chá de manteiga
- 1 colher de chá (rasa) de açúcar
- 2 colheres de sopa de vinho branco
- Pimenta-do-reino moída na hora para finalizar e sal se tiver vontade
Como fazer:
- Descasque e pique a maçã em cubos, salpique umas gotas de limão e reserve.
- Derreta a manteiga e refogue ali as maçãs. Quando estiverem transpirando, adicione o açúcar, remexa, junte o vinho, cubra a panela e deixe cozinhar em fogo bem baixinho. (o tempo não sei dizer, que esse me fogão ainda prega umas peças).
- Triture as maçãs (usei um mixer de mão, mas deve funcionar em processador, liquidificador e, se quiser um purê mais pedaçudo, no muque e garfo mesmo.
- Polvilhe um bocadinho de pimenta ao servir.
As bistequinhas, marinei como fez a Joana: com suco de uma laranja, mesma quantidade de vinho, sal, pimenta e ervas). Fiz na frigideira e, depois de dourar as bistequinhas e reservá-las na quentura, joguei o caldo da marinada para reduzir e formar um molho delicioso.
Ia cozinhar umas batatas, amigas de todas as horas, mas nem careceu, que a maçã se encarregou do serviço. Pas besoin de pommes-de-terre.
ai! que feliz!
é assim que me sinto por um pratinho da minha modesta cozinha ter inspirado você a fazer essa maravilha! =)
beijos!
Nunca pensei em colocar vinho branco no purê de maças, que delícia! Vou experimentar 🙂
Beijos, e boa semana pra você,
Angie
J’ai perdu le DO , le RE, le MI, le FA, le SOL,le LA….. de ma clarinete
Upá camará, upá camará, upá upá upá!!!!!! (tenho a musiquinha na cabeça tambem!!!!!) , agora essa “dupla” aí, purê e bisteca é imbatível né não!
bj Fer