Do Inexorável e suas Reinações

O Leitor e a Leitora já devem ter passado por alguma situação semelhante… trata-se daquele momento único em que tomamos ciência de que não há mais como retroceder, tampouco mudar o rumo das coisas, apenas enfrentar o que está por vir.

É quando nos damos conta de que faltou colocar fermento no bolo que já está meio-assado, quando surge um convite inesperado para sair de casa bem no meio da sova do pão, quando a torta de maçã está no forno e o aroma que ela desprende não sabe a canela, e sim a cominho…

A cozinha está repleta desses sinais de que nem sempre somos as donas ou os donos da situação (quase nunca, preferiria dizer), de que o ato (ou a falta dele) de uma fração de segundos pode determinar o sucesso ou insucesso do quitute, de que o Señor Inexorável nos anda à espreita.

É dessas situações que me lembro hoje, com a boca magoada pelos aços-cerâmicas-borrachas-titânios de um complexo tratamento ortodôntico. Tratamento esse mui necessário funcionalmente, pouco modificante esteticamente, o qual decidi levar a cabo malgrado a consciência das inúmeras adaptações fonéticas e gastronômicas que me esperam.

Do inexorável também lembrei naquela fração de segundo que antecedeu a montagem da parafernália incômoda. Foi como olhar para o bolo meio-assado que não cresce, com um misto de arrependimento, de esperança de que não fique tão solado e da certeza de que não há mais como retroceder, apenas enfrentar o que está por vir…



12 comentários em “Do Inexorável e suas Reinações

  1. Ana Elisa

    Conheço bem essa situação, pois há 2 anos deixei de comer aquelas balinhas japonesas de alga, que tanto gostava, por causa de um aparelho fixo o qual fui convencida a colocar. Também a diferença estética é imperceptível (a não ser para aqueles sádicos que me convenceram), e a única vantagem foi poder beber um bom vinho todas as vezes em que meu dentista apertava a parafernália (dor!) sem ter de dar desculpas por ser terça-feira. Minha boca entorpecida de Chianti agradece. Graças aos deuses, isso passa mais rápido do que você imagina. Assim como meus 2 anos passaram rápido (tiro meu aparelho no fim do ano), os seus hão de passar também, e logo logo poderá mastigar todos os quitutes que quiser, normalmente. Boa sorte na aventura ortodôntica e escolha bons “agentes entorpecentes” e boas receitas de sopas nos dias de dentista! Abraços!

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  2. laila

    e viva aos cremes, sopinhas & cia!!! pense que essa é o grande momento de testar novos cremes, saborear incriveis pudins, o que me diria daquele seu creminho de iogurte? bjos e melhoras!!

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  3. Maria

    é!
    ficamos mesmo esmagadas pelo sadismo dos nossos dentistas. sim, porque eles são mesmo um bocadinho sádicos – senão como é que se iam lembrar das coisas mirabolantes que nos fazem?
    a última que me fizeram foi enfiar um parafuso na gengiva para não sei o quê…
    o que me custou mais foi um arame que passava perto do céu da boca e me afectou a fala – comecei a evitar algumas palavras :-((( mas já não o tenho!
    mas o que é engraçado é que nos habituamos a tudo! mesmo a tudo! já me parece tudo normal, desde o sentir os dentes a mexer, até aos elásticos e aos parafusos!
    só me lembro do aparelho quando abro o meu melhor sorriso e vejo o olhar das pessoas a desviar-se ligeiramente dos meus olhos para a minha boca 😉
    coragem! daqui a nada já não se vai sentir mal, e vai conseguir viver muito bem sem o silicone que nesta fase de certeza que lhe faz muita falta para proteger as bochechas!

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  4. Dadivosa

    Ana Elisa, muito obrigada pelas dicas. Um bom vinho é uma idéia linda para contrabalançar a chatice. Vou adotar 🙂

    Fer, muitas saudades também, querida. Beijo graaaaaaaande!

    Laila, bem lembrado, faz um tempinho que não produzo os três litros de iogurte quinzenais regulamentares, vou retomar o hábito já já.

    Maria, sábias palavras as suas! É verdade que a tudo nos adaptamos cedo ou tarde. Estou impressionada com a quantidade de amigas leitoras que passam pelo mesmo suplício, sinto-me em ótima companhia 🙂

    ;***

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  5. Márcia

    Querida, o inOXIDÁVEL aparelho viveu 10 looongos anos em minha boca, e ó, tudo fica bem!!!
    Relaxa, q só incomoda no começo – depois a vontade de comer é maior, e a gente finge q nem dói!!!!
    kkkkkkkkk
    Bjos!

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  6. Vicki

    Ui… quando pequena meu sonho era usar aparelho, mas meus dentes insistiam em se alinhar com natural perfeição na minha boca. Meu irmão, que não tinha um dente sequer no lugar, sofreu com o aparelho e eu dei graças aos meus dentes lindamente alinhados – a perfeição quebrada apenas por dois incisivos levemente inclinados.

    Boa sorte, gatinha! Eu fiquei bons doze anos sem ir ao dentista por medo medo dos objetos torturantes, mas mantendo uma rotina militar para evitar qualquer problema. Findos os doze anos de falta, fui lá para retirar um tártaro e – graças a deus! – esse era o maior problema que eu tive.

    No aguardo das receitas facinhas de mastigar. 🙂 beijos,

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  7. Leilah

    Dadi, tenho conseguido adiar o desconforto de ter toda essa “parafernália” na minha querida boca, mas em Janeiro passarei pela tortura dentária, não tem jeito.
    Espero que você passe bem por essa mudança!! O tempo voa e logo vc tá com seu sorriso renovado.
    Beijos!

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  8. Cristina

    Oi!
    Sinto pela situação, mas não pude deixar de rir com os exemplos culinários.
    Usei aparelho da adolescência (o que, com óculos e espinhas, forma uma combinação desastrosa) e me lembro de sofrer algumas privações. No dia que tirei, minha melhor amiga me deu um presente especial: um saquinho com caramelos, uma maçã inteira e pipoca – tudo o que eu adorava e sofria para comer.
    Espero poder retribuir esse mimo quando o dia da sua libertação chegar. E não se preocupe que passa rápido mesmo!
    beijo

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  9. Karla

    Esses momentos todos nos rendem belas recordações mais tarde.
    A dica do vinho da Ana Elisa é supimpa, Dadi.
    Beijo desejando a adaptação menos dolorida possível.

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  10. Véia

    ui…. véia num tem dessa coisas, ainda bem!cházinho de camomila pra ficar mais aconchegante é só oque posso dizer…
    E uma piadinha boba pq num resisto….Tu vai ver qdo rir…aqueles elásticos pulam e pimba no olho alheio…ou na panela….horrorrrrrrrr.
    Boa sorte!

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  11. Cynthia

    Também já passei por aventuras ortodônticas… no início é meio chato, mas o resultado vale a pena. Minhas companhias inseparáveis foram remédio homeopático de arnica, e sorvete, muito sorvete!!!

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